A pergunta mais estranha que já me fizeram ( pelo menos até hoje ).
Não é toda hora que você passa perto de um orelhão e ouve ele tocar. Assim como não é muito comum, uma pessoa sem mais nem menos, se aproximar e perguntar se você por um acaso, não ouviu o orelhão tocar.
Nessa história, são três os personagens principais: uma senhora com sotaque “purtuguês”, eu e um orelhão.
Já era noite e eu estava sentada à beira-mar, escutando música com meus fones no ouvido. Tudo o que eu adoro fazer: ficar quietinha ouvindo música. Mas como nem tudo é como a gente quer ( reparem, quanto mais a gente quer ficar quieta, mais atraímos pessoas que querem conversar ), outra vez alguém me fez tirar os fones do ouvido ( vocês se lembram do rapaz do ônibus ? pois é...).
Estava tão distraída que me assustei, quando uma senhora se aproximou e fez a seguinte pergunta “Vucê ouviu si ess orelhão tucou ?” Respondi que não, achando engraçado aquele sotaque lusitano. Seria capaz de imaginar qualquer pergunta vindo daquela senhora, menos aquela.
E acreditem, de tão lindo que o mar estava naquela noite, fiquei olhando quase meia hora para ele, sem nem mesmo piscar os olhos. E a tal senhora também fez a mesma coisa. Não com o mar, mas com o orelhão que teimava em não tocar. Ela parecia tão desapontada, que por um instante senti pena dela. Pensei “Pobre purtuguesa...tão pobre quanto uma pizza portuguesa sem cebola e sem azeitona”. Deu até vontade de chacoalhar o orelhão, para ver se ele não dava ao menos um sinal, um “trrim” sequer. Vai ver que era um parente tentando ligar de Portugal, quem sabe ?
Como já estava tarde, desisti de ver o desfecho daquela história; deixei os dois lá – ela e o orelhão - e fui para casa dormir.
Pequeno momento desagradável que gerou um pequeno momento feliz: por mais que você não esteja com vontade de ser incomodado ou de falar com alguém, doe um pouco do seu tempo em certas ocasiões; ele pode render resultados inesperados, como no meu caso, essa crônica que vocês acabaram de ler.
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